Três Atos

Eduardo Amato
Eleonora Gomes
Gustavo Francesconi
Milena Costa e 
Pedro Vieira
Texto
Eduardo Amato

Fotos
Flávia Wolf
19/09 - 19/10 2019

Afeto. Se no início fomos e no fim voltamos, hoje ficamos. Não em um lugar, mas em um estado d'alma. Um microcosmo brechtiano de legados sócio-culturais. Vamos falar aqui sobre herança - que produz algo novo no presente recorrido do passado. Onde fomos.

E se "o passado é um país estrangeiro” (Hartley, 1953) quais as lombadas que delimitam cada território? .E digo aqui lombada, na tentativa de por alguns minutos não falar em muros. Queremos falar dos portões; dos caminhos. Dos caminhos que cinco artistas tomaram para chegar aqui e a partir daqui. Queremos falar sobre atravessamentos, portanto pareceu coerente partir de uma estrutura de exposição cruzada. Pois além de cruzados nossos processos, é também nossa pulsão. Aqui (ou ali), Margit L. entrega uma frase que talvez seja a chave dessa exposição: diferente de uma orquestra, estamos aqui num concerto de câmara, onde cada músico toca um pouco mais baixo para escutar o outro.


Somos os vaga-lumes viajantes do meio da noite. E aqui estamos. E ficamos.

(por ahora)


Desperta América do Sul:


Apresentamos uma(s) exposição(ões) de cinco artistas brasileiros, produzindo em Curitiba, em 2019. O resultado vivencial de diferentes sujeitos à escuta. Falando sobre três atos. A chegada, a estadia e a partida. E se Matisse acabou com a dança, propomos um ciclo na PF. Eleonora Gomes (Curitiba 1979) chegou aqui 2014, logo no início, comigo, Eduardo Cardoso Amato (Castro 1991). Ela excede o círculo de giz e toma o espaço, traça nele a instalação Pés. Ela convive conosco. Gustavo Francesconi (Joinville 1986) está aqui há pouco e com telas e experimentações com espuma expansiva delimita coordenadas investigativas tomadas em sua pesquisa, relacionando cor e matéria em distintos planos perceptíveis. Além de efeitos visuais, uma trilha transdisciplinar entre técnica e poética, levado por bases prática-teóricas da ciência e da semiótica. Como na escolha da espuma, que dilata seus limites para se moldar ao espaço. As cores também são cores, mas são dispositivos de observação de outras constelações fora das barreiras terrestres.

Milena Costa (Curitiba 1982) e o Pedro Vieira (São Paulo 1983) vieram nos buscar. Dirigem a Galeria Ponto de Fuga e percorrem caminhos processuais juntos. Nos mostram trabalhos realizados entre 2006 e 2019 que versam sobre a questão da latinidade. Ao longo dos anos eles vêm trabalhando desde este território cultural, geográfico, político e imaginado chamado América Latina. Produzem deslocamentos, imagens, performances, escritos e reflexões.

As lombadas viraram pontes à tempo de passar. Daqui para lá - performance de Eduardo Cardoso Amato propõe o alongamento do espaço expositivo para a Galeria Ponto de Fuga.